Rio de Janeiro, 11 de junho de 1980. Sob a lona do Circo Voador, um jovem muito maquiado canta uma m�sica em ingl�s. Poderia ser apenas mais um entre in�meros aspirantes ao sucesso que se apresentavam no espa�o mais democr�tico da �poca. No entanto, Cazuza n�o ficaria muito tempo na tribo dos talentos promissores.
Inst�vel e desafiador, mas tamb�m extremamente sedutor, ele vivia sua confort�vel vida de garoto da Zona Sul sob a cerrada vigil�ncia da m�e. Mas Cazuza queria mais - na verdade, queria muito mais. Cazuza queria tudo, ao mesmo tempo, em um agora permanente.
Sua urg�ncia transgressora que n�o conhecia limites e se refletia em todas as �reas de sua vida - nas rela��es afetivas, nas novas experi�ncias, no amor pelo perigo, na cria��o art�stica. E ele logo descobriu que a m�sica era a melhor maneira de expressar essa urg�ncia que n�o tinha come�o, n�o tinha fim, n�o tinha foco. Cazuza vivia tudo ao mesmo tempo ao lado de sua tchurma - uma tchurma ecl�tica e heterog�nea que refletia v�rios lados de sua pr�pria personalidade.
O encontro com os Bar�es - o guitarrista Roberto Frejat, o baixista D�, o baterista Guto Gofi, o tecladista Maur�cio - m�sicos de sua idade a procura de um novo som, foi a primeira etapa de sua vitoriosa carreira de letrista. Junto com os Bar�es, Cazuza viaja, conhece o Brasil, vive novos afetos. Para atenuar a intensifica��o de conflitos familiares, � intimado a trabalhar com o pai, diretor de uma gravadora, onde conhece Zeca, produtor musical experiente, que se transforma em uma esp�cie de guru que lhe apresenta novos autores e poetas.
O jovem inquieto passa a surpreender com letras de alta densidade po�tica, que definiam sentimentos e id�ias para a sua pr�pria gera��o, at� ent�o, sem porta-voz. A apote�tica apresenta��o do Bar�o Vermelho no 1o Rock in Rio em 1985 era a prova de que aqueles jovens que cresceram sob a ditadura podiam finalmente cantar �para o dia nascer feliz�.
O sucesso, no entanto, n�o domesticou as arestas do novo �dolo. Viver cada vez mais intensamente, romper limites, correr todos os riscos faziam parte de seu show cotidiano, monitorado, na medida do poss�vel, por uma m�e atenta e preocupada, mas tamb�m orgulhosa do talento do filho que adorava acima de tudo. A falta de regras se inclu�a na sele��o de repert�rio, e ele surpreendeu novamente, por exemplo, ao cantar �As rosas n�o falam�, de Cartola, uma op��o inesperada para um roqueiro.
O diagn�stico de que era portador do v�rus HIV foi recebido pelo jovem artista com desespero, seguido da busca de novas formas de tratamento para uma doen�a que na �poca representava uma senten�a de morte a curt�ssimo prazo. E foi justamente sob esta condena��o que Cazuza deu provas de uma coragem sem precedentes no pa�s: exp�s a doen�a e sua deteriora��o f�sica, apresentou-se em p�blico em shows comoventes, n�o abriu m�o dos poucos prazeres que lhe restavam, disposto a viver o tempo que tivesse como sempre quis: fiel a si mesmo e aos seus sentimentos. No curto futuro duvidoso que viveu, Cazuza nunca mentiu para si mesmo ou para as pessoas que amava.
Cazuza morreu em 1990 aos 32 anos.
- Hospedagem: Easyshare
- Tamanho: 385 mb
- Formato: RMVB
- Idioma: Portugues
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